18 de junho de 2009

"Quem consegue descrever o amor entre dois jovens, ele com dezesseis e ela com quinze? Os cientistas dizem que o amor não passa de uma reação químico-elétrica, mas - convenhamos! - trata-se da química mais sublime, mais doce, mais suave, terna e arrebatadora que existe! Todos os defeitos dele e dela, a partir daquele dia, se transformaram em virtudes; o banal conseguiu o status de excepcional; o corriqueiro adquiriu o título de maravilhoso; o próprio lado ridículo do amor, se é que ele tem um - e tem! -, sublimou-se.

- Eu te amo - ele dizia.
- E eu te adoro - respndia ela.

Esse é o pão de cada dia do amor: poucas palavras e ele é robustecido, realimentado, consolidado.

- Eu te amo - ela dizia.
- E eu te adoro - respondia ele

Grandes palavras bobas, palavras idiotas capazes de criar heróis, palavras enormes capazes de criar imbecis...Palavras santas e falsas, que podem durar a vida inteira ou se esgotar com o próprio som. Mas quem sabe dessas coisas, aos quinze anos? Aos quinze anos, todos os amores são eternos, são verdadeiros, são únicos e são excepcionais. São amores destinados a durar para sempre por alguns meses, às vezes alguns dias..."

Filippo Garozzo.
Trecho extraído de 'O Canto do Galo', em 'Contos de São Paulo'. 2004.

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