6 de novembro de 2009

eu quero lhe falar, moça. contar que tive medo, hesitei. não me culpe, você sabe. sabe onde estive pra chegar até aqui. sabe o que eu passei. esse é meu jeito, meu ser. e se eu era, desculpe, não quis ser, não quis faltar ao compromisso, não quis falar que não sabia. e eu não sabia. desconhecia a importância do falar. ainda desconheço, me ensina. por mais que eu saiba, não sei. por mais que eu sinta, não sei. é você quem sabe, não eu. não sei a importância do falar. fala?

eu invento um algo a mais pra nós.
passo a noite em claro tratando de inventar

forjo momentos perfeitos
faço-os somente nossos
como quero te fazer minha

desde sempre penso em ti, desde longe
você sempre existiu pra ser minha, só não sabia
agora sabe. eu te disse - me declarei
abri meu coração, baixei a guarda. sem medo
nunca tive. não preciso. não contigo

não sei se é o melhor a se fazer
só faço o que sinto. sinto vontade
vontade de você

vem e me sacia. dá nisso um jeito
mata essa vontade que em mim habita
parasita
só faz me consumir
olha o que faz comigo. não tem dó?
- não, nunca - melhor desse jeito

e eu adoro o jeito que você faz

mudei, e sem hesitar
parei de usar as palavras
por ora
esqueci, então melhor
uso menos e digo mais

tudo desse jeito, meio reflexivo

Sua beleza é mais que rara, é mais que estrangeira.

É sem definição.
De fato, as coisas são como são
Mesmo ciente, mesmo forte sempre
Eu cedi. Cedi ao peso atribuído
Quem foi responsável? Quem fez?

Algo me fez mudar. Parei e pensei
Nessa idade, o que será de mim?
Quem cuidará, quem se preocupará?
Sei que sempre terei você, minha cara

É o bastante? Fiz por merecer?

3 de novembro de 2009

Já falei muitas vezes do bem que o lado teu me faz
Agora... tem algo que eu não consigo falar

Nem sei

Tem algo confortante no teu riso
Tem algo prazeroso em teu olhar
Então eu olho e não digo nada
Prefiro o silêncio precavido
ao proferir desembestado de palavras

As palavras presas ficam,
e com elas, dúvidas, planos, talvez uma certeza

Mas você vai,
deixando um último beijo antes da distância prolongada
E sabe que isso me é suficiente

Por isso espero você voltar,
pra eu te olhar mais um minuto
sem ter que dizer uma palavra.

24 de outubro de 2009

E de repente eu me sinto vazio.
Por falar o que eu tinha que falar, mas não devia.
Pra pessoa que eu tinha que dizer, mas não podia.

Não sei o que causei.

Estou preso em um buraco no tempo-espaço de 10 dias.

16 de outubro de 2009

Pour Vous

Abraço apertado sem prazo de validade
Relógio que trabalha alto, porém, não rápido
Sabe-se lá o dia de te ver...
Dia de felicitar, um dia pra se esperar... Sem pesar

Não se morre de véspera, não se faz correr hora
A vontade de outrora vira agora sabe-se lá o quê
Sei lá o que vem daqui
Sabe aí o que está por vir?

Venha, mas venha correndo, suando, gritando
Fazendo alarde enquanto se pinta o sete
E eu que não esperava dias destes
Agora espero por mais

Que diferença entre dias, meses e anos?
Qual importância de não ter planos?
O tempo de agora se esvaindo afora
E não estamos aproveitando

Fica comigo esta noite
Sabe-se lá onde, sabe-se lá o porquê

5 de outubro de 2009

Alto aqui, de novo.



Só mudei de andar.

Degenerar

Maldito! Verme baixo, asqueroso, vil.
Pensei que não viveria pra ver alguém assim.
Caráter... até parece.
Hoje não me parece tão certo. Tenho dúvidas proporcionalmente maiores do que o tempo para resolvê-las. Se é que têm solução. São incertezas relativamente novas. Quer dizer, não existiam no começo. Não no meu começo. Mas ninguém sabe onde as coisas começam.

1 de setembro de 2009

Ledo Nada

Durma em casa, filho. Durma em caixas.
Teu leito espera nova derrama d'água.
Senhor... Pastor... Pro caralho, é lábia.
Bendito o fruto que teu sêmen espalha.

Não és eunuco, nem transviado.
Não tema ser, pois o óbvio caminha e domina a dúvida.
Trata de ser o mesmo, qual te fiz.
Não cobice nada senão o dom de ser feliz, que te dei.
Grande nada que não vale nada!
Vale um cano, um vagabundo, um meramente nada.

Subo devagar a escada, escura e maltrapilha.
Degraus simétricos pro nada. Fardo em minhas costas.
Bocas fingem ser você e só falam bosta. Previsível.

Fraco instinto humano...
Penso saber-te do avesso, mas não arrisco sequer um plano.
Deixa estar... já que o melhor sermão é o calar.

25 de agosto de 2009

E a terceira voz do espelho grita: como trocar os pesos se tu ostentas integridade?
Eu penso: isso daria uma boa estória - e logo deixo de me preocupar.

Sempre foi assim - arranca-rabos entre os Guarnevilla. Acostumei. Dias de Juan, dias de Zito, dias de tormenta. Escutava a todos e havia de julgar. A história mais decente e criar um novo conto. Um "hombre" crescido que nem saíra das fraldas e metia-se a bailar. Santo deos! Pobre enfante! Não fosse o zelo fraternal, tinha-se metido em altas. Bom, é a vida... Sabe ele o que faz.

Não fez. Esperou. Achou estável o seu posto, acomodou. cansou de batalhar. Era nobre, e desde sempre. A vida era outra. Pão-de-ló à gosto, criados a tiracolo... acostumou. Deixou de viver, desistiu. Foi sugado em vida. A sorte virou. Ele então achou normal e continuou. Mal sabia, o pobre, a sorte mudara. Acordou com o mal. Reviravoltou. Coitado, mal o sabe.

- Leva a sorte, que dela precisará. Lembra de quem foi teu.
- Lembra?
- Melhor lembrar.

21 de junho de 2009

Não que eu não tenha o que falar,
Talvez não saiba, talvez não queira.
Talvez não sinta vontade.
Pensando bem... é isso.
Não há vontade, sofri demais, perdi demais,
Não que não compense, mas não vale a pena.
Não se compara antes e depois,
Não se discute o que deu certo.
Não vamos medir o sofrimento.
Não é competição.
Se não sei o que fazer, se não sei o que sentir...
A culpa é sua
Se não tenho pra onde ir, se não quis continuar...
A culpa é de quem?

Teve tudo em suas mãos e não soube como agir,
Escolheu se arrepender, mas não vestiu tantas desculpas.
O destino nas mãos pra continuar como está.
E o preço que se paga ao se mudar para mudar de lugar, de jeito nenhum...

18 de junho de 2009

Então, te li nas entrelinhas. E sei que mil minutos não trarão à tona os resultados de nossos planos.
Te reservei mais que mil minutos, te jurei a vida.

O caminho que não é apenas um caminho.
Esse é nosso.
Deixar a cidade e pendurar um quadro, cuidar das febres, dar colo e consolo, beijos de boa noite.
Torcer para o mesmo time, beber do mesmo copo, estudar teu corpo, assistir você no banho, te ouvir...

Meses atrás eu conseguiria pensar em outra coisa. Hoje não.

Você me inspira. E fica na minha cabeça bem mais de mil minutos.
E não há, realmente, coisa melhor.
Um momento ímpar, idêntico àquele outro
O tiro num campo neutro e seco
Sol que nasce e traz tudo de novo
Campo de guerra esturricado e podre
O céu bonito no estio não é de bom grado
A flora desafia o destino e lhe mostra a face
Tem medo de perder as pétalas,
mas o medo de permanecer no escuro a liberta
O ar já não é o mesmo e nos refresca
Os últimos dias têm sido devastadores. Um cansaço que me atinge as pernas, braços e minhas costas. Vem junto uma dor de cabeça forte, que causa ânsia. Estou cansado. Fisicamente cansado. É tanto que às vezes chego a nem dormir. Fico acordado e fantasio que aquele é meu descanso, porque se fechar os olhos, dormir, como se costuma fazer, acordo parece que de imediato, sentindo como se eu tivesse sido atropelado.
Por isso eu descanso acordado. Pra saber que descansei.
É fato mudar o pensamento ao soprar do vento
Mas desejo onisciente é acendido; fogo falho, fogo em mato
O norte é indicado pelo trigo que pende
Vento que sempre muda sem pesar ao meu pensar
Castigando o filho travesso, areia aos tão claros olhos teus
Ponderar traz peso aos fatos, que de tal, não voam mais
Hei de demonstrar o bem que me trazes!
Amor de pudores não tens nada, tudo o sabe, tudo o vê
Que lágrimas derrubas desconhecendo-lhes porquê
Oscilando sentidos no viver, prazer de aprender
Motivos estes que já sei dizer
Choro bom (ou mau) é ter (ou ficar longe de) você.

Em altar vazio, casei
Em cama vazia, deitei
Isso porque eu era rei
Teoricamente, mas rei

Governei errado e sequer notei
Quando cada cavaleiro se ia
Nem disso eu me valia
Por Deus! Eu era um rei!

Todos os decretos que assinei
Foram pensando no povo
Povo que a mim servia
Serviam somente ao rei

As pessoas foram sumindo
Seria, quem sabe, a praga?
Não! Era nada
Carrapato e urina de rato eu curava

Antes todos se curvavam
Hoje, nenhuma rainha reinava
Era o rei de eu mesmo
O bobo que a mim mesmo animava

Não gostava mais de ser rei
O eu-rei em nada mandava
Quando desisti de ser rei, acordei
Nunca seria o rei de nada

À noite quando chego
Em casa ou no trabalho
Me bate a saudade mais forte
De fazer tudo ao contrário.

Comer e dormir, falar e não ouvir
Tenho dotes e sei fazê-los bem.
Tenho terras férteis onde não mora ninguém
Só umas aves, que seus ovos, às vezes eu frito.

Morar nessas terras não dá
Plantar nessas terras não dá
O que dá é vontade de fazer tudo estourar
Quando se tem terras, ganha poder
Quando se tem poder, ganha problemas
E problemas demais não sei resolver

Um único bem dessa terra toda me vem
Um quadro que lá deixei
Tinha nele gente de todo o tipo. Aqui viveram.
Viveram festas, reuniões e jantares bonitos
Disso tudo eu participei. Gozei momentos bons

Mas lembrança às vezes castiga.
Fique com as terras que pra ti deixei.

Amnésia ou Lobotomia?

Acordei e parece que me falta algo. Acho que deveria ter alguma coisa aqui. Alguma coisa com vida, pois foi embora sozinha. Talvez fosse o gato de algum vizinho procurando carinho melhor, talvez fosse o efeito dos calmantes, ou talvez tivesse mesmo alguém aqui. Bom, aqui no banheiro não tem vestígios de nada, mas o reflexo acusa uns arranhões no meu ombro. Não tinha nada antes.

Eu juro que não me lembro. Acho que era uma pessoa, sério. Só pode. A cama está bagunçada ao lado do meu. Mas por que ela foi embora? Fui grosso? Nem lembro o que eu disse. Devo tê-la machucado com essa barba mal feita. Maldita! Um dia ainda me livro de você.

Não consigo nem tomar meu café, porque fico tentando lembrar da noite anterior. Caralho, o que aconteceu?! Vou jogar isso no lixo antes que me cause indigestão. Esse é um dos males de se ser só: você não cuida nem de você, quem dirá da casa?

Continuo a tentar lembrar, mas aí olho no relógio e não é novidade que eu estou atrasado.
Corro me arrumar e sair.

Tomara que eu encontre quem esteve aqui ontem. Tomara que alguém tenha estado aqui ontem. Tomara que um dia eu me encontre.

Eu, Tu, Ele, Nós, Vós, Elis

O coração de fora samba sem querer...

Às vezes parece assim mesmo, parece que arrancaste o meu.
Assim, sem esforços; com simples vibrações de cordas, arrancaste o meu.
Não teve piedade.
Mas também, nem vida eu tinha, nem pensava em ter.
Também não pensava te querer bem, não pensava.

Se te ouço, na hora me felicito.
Eufórico, e diga-se de passagem: Euforia compreensível.
Se te vejo, deságuo.
Desabo num choro sentido, fosse feito um recém nascido.
Não te quero o peito, não te quero em trajes perfeitos, não te quero
linda nem tampouco atenciosa.
Te quero, e pronto!

Pois eu fico tonto, não agüento, me arrepia o corpo todo.
Murmura pra mim e me fará feliz;
Grita comigo e me fará o dobro;
Canta pra mim que eu acho meu mundo, respiro fundo e começo de novo.

Tens feito falta.
Porque abandonaste teu povo? Não te culpo, nem um pouco.
Qualquer um que o fizesse estaria louco, renunciaria à pátria.
Algo próximo de desafiar um deus.
Pois sim, quem não te gosta, não passa de um ateu.

Canto suave que vem de tempos.
Riso gostoso de ver, que traz à tona todo o escondido.
Frases cortantes, que em alguns faz doer o ouvido.

Eles não são capazes. Não, não são.
Se algum dia alguém sentir o que passa quando tu cantas,
Que me procure para tentarmos entender
Porque fico perto de Deus ao olhar pra você.

Alto Aqui do Sétimo Andar

O sétimo andar é o melhor lugar em que se pode estar.
Nada me aborrece, nada me deixa pra baixo, mas também, nada me faz feliz.
É um lugar, assim, meio diferente.
Aqui você cria as regras, você faz o mundo ser do jeito que você quiser.
Hoje eu quero cuidar de mim, cuidar da minha carreira.
Ter uma carreira longa e prazerosa. Mas dependendo da noite, posso ter mais de uma carreira.
Posso ter duas carreiras, três carreiras, quatro, cinco, dez...
Tudo depende do quanto eu tiver bebido, do quanto eu ainda agüentar.
Se o meu corpo não pedir pra parar, vou ser o homem mais bem sucedido do universo.
Mais do que o Sílvio, do que o Bill, do que o Maluf, mais do que o cara ali da esquina.
Só se o meu corpo não pedir pra parar...
O sétimo andar tem dessas coisas.
Acho que eu sou a única alma viva no sétimo andar.

Alto aqui...

Desejo Vespertino

Eu quero você aqui...

Pra quê?
Pra te ter, te possuir, te fazer bem pra me fazer bem.
Te fazer transpirar pra me fazer lembrar e lembrar e lembrar e lembrar...

Lembrar que...
Tu foste, tu és, tu serás, (talvez pra sempre; e eu espero que pra sempre) a minha única e melhor.
Tens noção? Tamanha dimensão do sentimento que cultivo?
Do quão longe iria pra intensificar o que já é perpétuo? Infinito e intenso;
Eu já tenho ciência o suficiente pra fazer meu tento, e meu intento.
Meu intento é você. Sua boca, olho, mão e corpo.
Teu corpo virá a ser resultado de ficar louco. Louco por um beijo,
Louco pra alimentar um desejo, uma vontade...mútua, quem sabe?

Seus dedos na minha boca, seus dedos me indicando a direção.
Me dizendo o que é melhor.
Eu pensei que sabia o que havia de ser melhor ou não.
Melhor te fazer feliz. Por quê? Se eu não faço nenhum esforço?
Se não atingimos o grau supremo da harmonia conjunta, relativa,
Corporativa...

Corporativa, não no sentido comercial, mas no sentido sentimental e residual
No sentido de dois corpos.

Tu...
Tu és perfeita. Bendito seja, não o fruto do teu ventre, mas, o teu corpo em si.
Que hei de possuir, junto a mim, no que se tornaria o dia de minha vida.
Minha pobre vida ensandecida, deprimida e relativamente não vivida...até encontrar você.

Quero que não tome por besteiras as coisas que dirigi. Tome por remédio, refúgio, abrigo.
Pois tudo que eu te digo, digo realmente sentindo. Desferindo cada palavra como a lança ao dragão. Lança que zarpa das minhas mãos, atadas esperando um símbolo para nossa união.

União que há de vingar, há de se tornar forte e impávida de verdade.
Bem mais que qualquer colosso que venha a ser citado...

Noite

Hoje eu sonhei com você. Foi um sonho estranho, de que eu não me lembro bem.
Mas sei que era contigo, e sei que era bom. Algo sobre planos, sonhos, realidade...
Era tudo meio confuso, misturado. Mas eu sabia que era você e que era bom.

Esforcei demais por lembrar, e não consegui.
Mas lembro de lampejos em que te ouvia, e te via sorrir.
Sei que era muita gente junta, mas nós dois nos fazíamos isolar.
Sei que era barulho, escuro e que você me roubava todo o ar.
Me lembro que era bom. E era você.

Mas só de ser bom e de ser você ainda não é bom, porque é sonho.
E por mais real que seja um sonho, não passa disso.
E esse sonho contigo era bom, porque eu podia sentir cada toque, cada gesto.

Ouvir meu nome.
E eu sei que era real, pois tudo que eu senti ali, já senti antes.
Quando era com você, quando era bom.

Sei que no sonho você me fazia promessas, que já cumpriu, assim, sem saber.
Sabe que não mudo nada,
Porque é assim que é bom, com você.

A Visão de Alguém por Olhos de Outro Alguém

Eu sei muito bom do que se trata...
Sei como tratar da falta que ela me faz, sei tratar de inventar meu par, mesmo assim sem poder.
Sem caber dentro de mim tudo o que me proporciona. Não faço idéia, não faça idéia.
Escuta aqui...
Você cabe dentro de mim? Caibo eu em você?
Já não tentamos isso antes?
Queria eu...
Quem me dera...
Escuta aqui!
Não se faça de...de...de...não se faça a coisa mais perfeita.
Mesmo você sendo, mesmo eu te querendo, mesmo ardendo tanto esse desejo.
Mesmo doendo...
Mas se não fosse assim, talvez não valesse a pena, eu não correria esse risco.
Pois de todos, este é o pior.
É como se eu não respirasse, como se eu tivesse as pernas atadas, como se nada fosse compreendido pelo meu pensar.
Mas basta tu citar um daqueles teus poemas, os que tu mais gostas, e eu pondero:
É como...
Amar é....
Não, não é assim que eu costumava usar as palavras. Talvez elas estejam fugindo de mim.
Talvez tenha eu as usado demais. Talvez seja isso.
Talvez eu devesse parar de usar as palavras. Melhor começar a usar as mãos.
Um ato vale mais, mas ao mesmo tempo é tão insensato. A conotação é outra.
Tal ato poria tudo por água, terra e ar abaixo.
Algo que eu não quero.
Eu não quero sair daqui. Eu espero o tempo que for, tempo bom ou tempo ruim.
Acho que está chovendo lá fora...
Melhor eu sair e aproveitar.
Há tempos eu não faço isso.
Mas hoje eu vou. Mesmo que aparente não ser possível.

Cara Valente

Espelho, espelho meu, quem é mais valente do que eu?
Nem sequer valente fui, nem nas brincadeiras de roda, tampouco nas brigas de escola.
Tinha lá uma ponta de valentia nas coisas que fazia. A cada dia tinha que superar limitações e me convencer quando eu vencia.
Lembro da vez que joguei corre-cotia. Ah, como foi duro.
Cada presença ali convidava o choro, pra cada um eu construía mais meio metro de muro.
Sempre foi assim, preferia sozinho, preferia não tê-los conhecido.
E cada um que me era apresentado só acrescia alguns tijolos. E fui subindo...
E nos anos fui construindo minha torre, um lugar só meu, como nas histórias de princesas.
Mas elas estavam presas. Estava ali por opção.
Por vezes até tentei ser sociável, tentei comunicar, tentei não enrubescer.
Tentei amigar, tentei.
E até tive amigos. No fundo de meu baú de brinquedos, os tive.
Entretanto, ainda estou na torre.
Esperando que caia, ou que alguém em um cavalo venha me salvar.

Meu Melhor

Estou com vontade...
Mas dizer pra quê? Pra quem? E por quê?
Não é tão importante assim.
Seria cômodo, até mesmo gratificante expurgar, arrancar; sei lá.
Mas se ao amanhã a gente não diz, vai ser pra quem?
Com certeza, não pensou na mesma pessoa que eu.
Pra mim mesmo, oras.

Eu, que em vezes fui meu melhor psicólogo, meu melhor amigo.
Fui meu melhor ouvinte, meu melhor amante.
Não há quem saiba mais que eu. Então pra quê?

"Eu não vou mudar, não.
Eu vou ficar, sim.
Mesmo se for só não vou ceder.
Deus vai dar aval sim, o mal vai ter fim.
E no final, assim calado, eu sei que vou ser coroado rei de mim".

Lagrimeira Dagmar

Como dama guerreira, o criou, e o pai fez-se esconder
Depois de tanto levá-lo contigo
Dar-lhe comida, carinho e abrigo
Coisa melhor é ver um filho crescer

Gostava de escola, mas preferiu contigo aprender
Te fingia odiar quando posto em castigo
E nas noites de medo se deitava contigo
Que coisa gostosa é ver seu menino crescer

Então se emancipa e te deixa assim triste
Qual pior ausência que o fruto do ventre seu?
Em datas festivas, pensas que pior não existe

Se perderam em datas, horas exatas, e nele também doeu
Sem lagrimeira, Dagmar, amor de mãe resiste
Com esperança morta, vai atender a porta e olha quem apareceu.

Paterno

Paterno não precisa ser eterno.
Mesmo discreto, pode ser bom ter um por perto.
Em 20 anos, não te ter não atrapalhou.
Abriu os olhos, e dou respeito e todo valor
Ela supriu todos abraços que você não deu.
20 anos com ela, em certo, melhor do que 200 teus.
Com você seria diferente? Certamente.
Se um dia deu vontade de você? Absolutamente, não!
- Pai não solta a mão de um filho.
Pai leva pra cama, conta história e beija a testa.
Leva pro parque e me segura pra eu andar de bicicleta.
Os de verdade são presentes quando a coisa aperta.
Quando xingo a professora ou quebro a vidraça.
Pai dá bronca e finge que não vê.
Ele acode e ameaça.
Num bar, com os amigos, sempre exalta o filho.
Diz que é esperto, diz que é bonito, que bate um bolão.
Me assiste jogar, e mesmo sendo horrível, ele mente que gosta.
Mesmo eu não sendo o Pelé, nem tendo as pernas tortas.
Pai quando é pai, sente.
Viver não é preciso, ser pai é preciso.
E às vezes eu preciso.

Acaso

Ah, faça-me o favor!!
Não é verdade, é?
Não pode ser! Pode?
Nem idade tens, nem o porquê tens...
Desminta, ou me desmantele por vez.
Faz isso só pra que me sinta mal, como quando o sol incide com força aos olhos, e tudo à vista se tem por róseo. Ou pior.
És incomum, incomunicável.

E agora?

O Amável Pavor de Ser Bom em Alguma Coisa

Tentando resistir ao sono, descubro que não tenho todos os sentidos e sentimentos sobre controle, assim como pensava.
Já sou imune a Brel, mas York, sem fazer nada, me arranca calafrios e orgasmos.
Eu nem quero controlar as coisas que sinto.
Não vejo o porquê disso, ou o porquê daquilo outro.
O porquê de eu estar de madrugada escrevendo coisas, nem o porquê de alguém querer lê-las.
Também não vejo o porquê de ver o porquê.
Vejo só o que está aos meus pés, tudo que me faz sentir vencedor, me faz sentir uma pessoa melhor, me faz sentir bem e à vontade.
Mas olhando bem, não tem nada aos meus pés. Não tem nada ali no chão que eu tanto pisei.
Talvez tivesse. Eu posso ter pisado em cima e nem percebi.

Mas sabe o que mais? Eu nunca percebi nada, essa que é a verdade.
Não percebi que eu cresci, que eu envelheci, que eu terminei o colégio, que eu não vejo mais os meus amigos.
Não percebi que eu perco 18 horas por dia em frente a uma bosta de um computador, que eu estou perdendo a visão, que eu estou perdendo o rumo das coisas, que eu perco chances e oportunidades, que eu estrago o meu corpo, que eu não cuido da casa, que eu não ajudo ninguém, que eu não sirvo pra nada...

- Pára!

Você está vendo isso?
Vê tudo isso e não me avisa por quê?

Está tarde, e eu preciso dormir.
Vou deitar e fritar o meu cérebro. Pensar em coisas que talvez eu devesse ter feito, ou em coisas que eu fiz e queria voltar atrás. Coisas que a gente não arruma, outras que a gente não quer arrumar.
Mas está tarde, e eu preciso dormir.
Enquanto apago as luzes, vou arrumar a minha cama e colocar um disco bom pra tocar.
Mas está tarde, e os vizinhos precisam dormir.
É melhor eu só ir deitar e pensar nas coisas que eu posso fazer quando for demitido.
No que posso fazer quando esquecer dos meus amigos, no que fazer quando eu estiver doido varrido.
Dá pra pensar melhor no que eu vou fazer quando estiver morto.

Modo de Pensar

Penso bastante besteira.
Quando vejo, já falo sozinho. Não é tão comum.
Acontece quando eu não bebo, quando não vejo ninguém. Eles fogem quando eu quero conversar. Todos eles.
E não entendo. Não sou tão chato, nem tão feio. Me livrei do mau hálito, até ampliei meu vocabulário.
Estudei. Li uns livros só por ler. Nunca gostei. Mas eles sempre me diziam algo. Algumas palavras me agradavam tanto, que eu as usava todos os dias.
Sozinho, é claro.
Uma vez conversei com uma aranha – Tinha visto num livro do Drummond – Resolvi tentar.
Funcionava.
Tudo o que eu pensava se fazia. Enfim alguma coisa acontecia. Estava entediado.
Já que funcionou, tentei coisas novas todos os dias. Quis ser Midas; tocava em algo e aquilo se fazia. Meu mundo se fez em ouro, porque eu quis assim.
E foi assim que eu vivi. Meu quarto era um aquário; e de lá eu nunca saí.
Era órfão de pai, mãe e bons modos. Melhor.
Não tinha a quem agradar e nem o medo de perder.
Mas não podia perder nada, porque já estava louco. Nunca me dei conta até o dia em que morri.

Nem sei quem lhes conta essa história.

Morte Assistida

Esmalta, se não enxerga as cores
Exalta todos os sentimentos. Vem vindo de dentro
Exausta toda a carne, sensível no olhar, um sorriso.
Um riso que leva a sonhar.
Quem um dia falou que nunca vai dar;
Eu aposto um dos braços que se enganou.
Solta a alegria num grito de gol
Solta os seus medos num grito de horror

Solta um grito de guerra e chama quem tem calor
Um corpo te esquenta no auge do amor
Se o corpo te falta, te bate tamanha dor.

Ausente eu me faço presente e calo a tristeza
Danço e festejo a dor que não foi convidada.
Aqui ninguém entra sem ser convidado.

Cuidado!
O chão que tanto pisa é envenenado.
A morte só quer o momento certo.
Aí te leva pro fogo, à força. Fuja da forca.
Pois pior que morte assistida, só vida vivida.

Preocupações a cada dia,
Sorte é ter alegria. a cada dia sofria
Esperava socorro dum lado ou de outro
Dum vivo ou dum morto. Ficamos mais loucos com cada dilema
A morte não vem. Se vier tudo bem.

Não é bem assim.
Vai longe de mim que eu mesmo que sofra
Sempre tem quem te dê força

Força aproximação
Força aproximação
E se ganhar um não
Pára e desiste do jogo.

Medo de Um Fim Próximo

Aos bons pertence o mundo. É deles, eu que dei.
Me livrei do mundo por não saber o que fazer. Livrei-me a tempo.
Por pouco não o explodo. Se bem que tal estouro seria um meio bom de se livrar do mal.
Todo o mal do mundo que nunca foi estudado a fundo.

- Eu é que não havia de estudar

O tal do mundo não tem mais volta. Está doente. Teve câncer.
Câncer nunca teve cura. Agora tem. Curaram o câncer do mundo.
Muito vale! Melhora aqui, piora ali.
E dessa gangorra nada nunca sairá. Já disse: O mundo não é, já foi!
Ai, se um dia voltar a ser... Não pra nós, porque é indigno.
Talvez um lugar menor, como Plutão, que nem planeta é mais. Já foi. Ainda serve.
Serve como esconderijo. Ainda assim, indigno.
Por isso não deixei filhos nem rastro. Pensei em tê-los.
Deixaria de herança um conselho: Tudo o que for conservado, sempre viverá.

Condenscendência

Hoje tomei chuva.
Mas foi por coincidência.

Visto que nunca chove, mas quando chove, fode.
Ê cidadezinha de merda.
Mas por que eu te amo?

Simples.
Não te amo, nem um pouco. Gostaria de me livrar de ti o quanto antes.
Amo somente essa rixa, por receio de encontrar outro lugar.
Porque é bom aos ouvidos morar em São Paulo.
Aqui o Sol nasce por último, e quero vê-lo antes de todos.
Sou egoísta, pessimista, paulistano filho da puta.
Por aqui se tem de tudo, mas sempre se quer mais.

Quero ser escolhido pela menina mais bonita...

A Persuasão

Alguém muito esperto me disse que nada é sua culpa. São apenas fatos que desencadearam coisas erradas. E isso é que é destino. Eu acreditei. Sempre gostei de pessoas espertas. Eu as ouvia, até que dissessem alguma asneira. Aí então, deixavam de existir.

Haviam dois tipos de pessoas que gostava: as espertas e as que eu podia dominar.
Era difícil conciliar uma à outra; as pessoas espertas não se deixavam dominar. Ainda bem.
Hoje em dia continuo ouvindo a gente esperta, mas já não domino ninguém. O poder de persuasão se perdeu conforme os anos passaram.
Já estou velho, sem forças. Só torço para que ninguém esperto queira me dominar.
Estou suscetível, como nunca fui
Só abro os olhos pela manhã e vejo a vida passar.

"Tire o seu sorriso do caminho, que eu quero passar com a minha dor"

Nelson Cavaquinho.

Queria saber o que fazer com o coração dessa menina
Que diz não enxergar luz no fim do túnel, mas só precisa seguir adiante
E eu digo que a luz está lá, basta ela abrir os olhos.
Basta não se culpar tanto, não pensar que já está cansada demais.

Queria saber o que fazer pra por um sorriso no rosto dessa menina
Sorriso tão lindo, que às vezes ela esquece o quanto vale
Nâo sabe que com um sorriso dela, pelo menos outros mil se põe
Nem que eu pintasse meu nariz e fizesse palhaçadas, só pra ela rir mais

Queria poder enxugar as lágrimas dessa menina
Lágrimas de dor ou de alegria, que ela chora todos os dias
Eu penso que lhe faz mal, por não saber-lhes o motivo. As enxugo
Só que não cessam, e vêm umas atrás das outras.
Corrente que não quebra

Quero que o amor chegue à essa menina
Coisa que ela merece é poder amar e ser correspondida
Ouvir músicas sem vibrações, ondas que não a molhem
Olhares que a derretam, palavras que a felicitem

E essa menina vai encontrar o seu lugar
Seu porto-seguro, na rua de trás ou num dia futuro
Quero escrever seu nome num muro, bem grande
E por junto 'Eu te amo', bem exposto na avenida

Quero fazer com ela uma vida
Casa, campo, roupa e comida
Tudo seguindo a linha certa dos nossos planos
Tirando os sustos, provaremos o doce sem nenhum veneno

Quero expurgar de seu coração o que a deixa assim
Tão triste e perdida mesmo perto de mim
Quero dizer-lhe que é a ela que dedico os dias
E que ela sempre será minha, a minha menina.

(Postado originalmente em 13/03/2008)

Por que há nove escovas de dente em minha casa, sendo que somente cinco pessoas moram nela?
Pode parecer uma dúvida ridícula, mas é algo a se pensar. Indubtavelmente, é algo a se pensar.
De tudo, isso tem seus lados bons:
Perdi uns quilos, estou me dando melhor com meu amigo espelho; voltei a usar meus relógios no pulso direito, que pode parecer bobagem, mas é algo que me faz fielmente bem; e voltei a escrever.
Não como antes, mas as palavras saem. Sem inspiração e sem muito sentido, mas elas pelo menos saem.

Outro fato que já me acostumei é encarar comentários diários sobre minha estética e perguntas sobre ela.
Não respondo coisa alguma. Finjo que não é comigo.

Porque realmente não é comigo.

(Postado originalmente em 13/03/2008)
Pois eu cansei de alimentar minhas falsas esperanças. Cansei de dizer ao meu pobre 'eu' que as coisas funcionariam assim, que tudo ficaria bem ao fim. Se bem, não sei. Mas 'ao fim', sim.
Mas tenho de ser honesto; eu pedi para que assim fosse. Baixei minha guarda, e isso não é digno.
Mais uma vez me vi em posição desconfortável. Meus joelhos já doem por tanto. De novo eu pedi. De novo não entendi.
Só me conforta saber que remorso eu não terei, pois ainda assim, fui forte. Não virá em minhas costas o peso a cair.

(Postado originalmente em 13/03/2008)
"Quem consegue descrever o amor entre dois jovens, ele com dezesseis e ela com quinze? Os cientistas dizem que o amor não passa de uma reação químico-elétrica, mas - convenhamos! - trata-se da química mais sublime, mais doce, mais suave, terna e arrebatadora que existe! Todos os defeitos dele e dela, a partir daquele dia, se transformaram em virtudes; o banal conseguiu o status de excepcional; o corriqueiro adquiriu o título de maravilhoso; o próprio lado ridículo do amor, se é que ele tem um - e tem! -, sublimou-se.

- Eu te amo - ele dizia.
- E eu te adoro - respndia ela.

Esse é o pão de cada dia do amor: poucas palavras e ele é robustecido, realimentado, consolidado.

- Eu te amo - ela dizia.
- E eu te adoro - respondia ele

Grandes palavras bobas, palavras idiotas capazes de criar heróis, palavras enormes capazes de criar imbecis...Palavras santas e falsas, que podem durar a vida inteira ou se esgotar com o próprio som. Mas quem sabe dessas coisas, aos quinze anos? Aos quinze anos, todos os amores são eternos, são verdadeiros, são únicos e são excepcionais. São amores destinados a durar para sempre por alguns meses, às vezes alguns dias..."

Filippo Garozzo.
Trecho extraído de 'O Canto do Galo', em 'Contos de São Paulo'. 2004.
Há pessoas que eu não conheço, elas não sabem que eu existo, (e que fique assim) e assim mesmo conseguem me entender perfeitamente.
Gente que conversa comigo através de músicas, livros, frases...

Me entendem.
Sabem exatamente pelo que estou passando, o que sinto ou o que já senti.
Ou me cantam ou me recitam. Mas não deixam de falar de mim.
E eu também os sinto. De outra maneira, claro. Pobres eles.
Eu sei que tem alguém que me entende. Mas e eles? Como vão saber que eu também os entendo?

Não vão, infelizmente.
Mas deixo documentado que, um dia, eu os entendi.

Rodrigo Amarante;
Marcelo Camelo;
Dallas Green;
Ben Gibbard;
Chico Buarque;
Freddie Mercury;
Paul Banks;
Tom York;
Jair Naves;
Filippo Garozzo;
Nelson Cavaquinho;
Elis Regina.

Sorte ao encontrar quem te entenda.

(Postado originalmente em 13/03/2008)
"Eu tenho mais de 20 anos, e eu tenho mais de 1000 perguntas sem respostas."
Se um dia começa mal, termina bem. Se o seguinte começa bem, acaba muito mal.
Entendo tanto desnível, mas não entendo perfeitamente os motivos. Os fins justificam os meios, e os meios encaminham pro fim.

(Postado originalmente em 13/03/2008)
Não sei porque sempre faço isso. Mas faço.
Não intencionalmente, mas eu faço. E às vezes nem percebo quando faço. Não por mal, mas por um bem em excesso.
Acho que por querer demais, por prender demais, por cobrar demais... Talvez.
Perdi a habilidade com as palavras. Não trago mais coisas boas. Trago desavenças e semeio a discórdia.
Quando eu te oferecer algo bom, duvide. Pode não ser concreto. E se for, pode não ser durável.
Independente disso tudo, será a verdade que existe em mim. Vontade de retomar o que foi deixado para trás.
Se também quiser. Sozinho não posso.
Não te culpo.

Semeei a discórdia. E nesse ano, a colheita foi bem farta.
Perco o ponto de equilíbrio e sempre alcanço o ponto de ruptura.
Pois é, rompeu.

(Postado originalmente em 12/03/2008)
(...) Pois você é parte de mim, e nada do que é meu é alheio a ti.


(Postado originalmente em 12/03/2008)
E não é que a vida me preparou um belo fim de noite?
Eu, um tanto quanto desesperançoso, cabisbaixo e que buscava tanto as palavras, acabei abrindo mão de todas ao bel prazer de ser quem sempre fui.

Hoje me encontrei.
Encontrei o alguém que semmpre quis ser. Não garanto que é o definitivo, mas é o essencial pra hoje.
O futuro próximo pode criar situações diversas, mas estou preparado pra qualquer uma delas.

(Postado originalmente em 12/03/2008)

Début

Como primeiro texto, confesso que deixo a desejar. Pois parece que perdi minha inspiração, perdi a habilidade com as palavras. Parece que perdi tanto do meu mundo concreto, que acabei me vendo apoiado em coisas fictícias. E por mais que me valha esse apoio, é fato que não durará muito. Porque é fictício, e assim não gosto. A síndrome da despersonalização me atinge com violência. Crio um universo paralelo, crio máscaras e me defendo com palavras. Mas não sou um poeta, e minhas palavras não são escudo suficiente. Sou só mais um garoto imbecíl a se repetir. Mas essa repetição é insignificante, tendo em vista que eu perdi a inspiração.

Perdi minha musa inspiradora.

(Postado originalmente em 11/03/2008)