18 de junho de 2009

Modo de Pensar

Penso bastante besteira.
Quando vejo, já falo sozinho. Não é tão comum.
Acontece quando eu não bebo, quando não vejo ninguém. Eles fogem quando eu quero conversar. Todos eles.
E não entendo. Não sou tão chato, nem tão feio. Me livrei do mau hálito, até ampliei meu vocabulário.
Estudei. Li uns livros só por ler. Nunca gostei. Mas eles sempre me diziam algo. Algumas palavras me agradavam tanto, que eu as usava todos os dias.
Sozinho, é claro.
Uma vez conversei com uma aranha – Tinha visto num livro do Drummond – Resolvi tentar.
Funcionava.
Tudo o que eu pensava se fazia. Enfim alguma coisa acontecia. Estava entediado.
Já que funcionou, tentei coisas novas todos os dias. Quis ser Midas; tocava em algo e aquilo se fazia. Meu mundo se fez em ouro, porque eu quis assim.
E foi assim que eu vivi. Meu quarto era um aquário; e de lá eu nunca saí.
Era órfão de pai, mãe e bons modos. Melhor.
Não tinha a quem agradar e nem o medo de perder.
Mas não podia perder nada, porque já estava louco. Nunca me dei conta até o dia em que morri.

Nem sei quem lhes conta essa história.

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